O Sangue e o Cordeiro

Feliz Páscoa! É o que mais ouvimos nesta semana. Todos os anos, faz-se referência e comemora-se a Páscoa, ainda que a maioria desconheça a sua origem e significado.  A Páscoa é uma festa de origem  genuinamente judaica e não tem nada a ver com coelhinhos e ovos. A Páscoa deve ser considerada a Festa de maior importância do Cristianismo por sua grande significação.  De uma forma geral, as pessoas estão mais preocupadas em viajar ou descansar,  fazer refeições sem carne vermelha e trocar ovos de chocolates, sem se dar conta do seu grande significado e importância.

Qual o verdadeiro significado da Páscoa? Tudo começou quando Deus escolheu Abraão e lhe fez a promessa de fazer de sua descendência uma grande nação. Deus disse que seus descendentes seriam peregrinos em uma terra que não seria sua e na qual seriam  afligidos por quatrocentos anos, mas sairiam com muitos bens. A profecia foi cumprida, e a descendência de Abraão entrou no Egito, quando José, seu bisneto, era o governador. O povo hebreu foi bem recebido por Faraó, mas, depois, levantou-se outro rei que não conhecera a José e usou de astúcia contra o povo de Israel e fez da opressão uma regra contra o povo de Deus. Deus levantou Moisés para tirar o seu povo do Egito. Ele foi a Faraó, mas o rei do Egito o resistiu e não deixou o povo sair. Deus enviou nove pragas, mas Faraó continuava irredutível. A décima e última praga foi a morte dos primogênitos egípcios, e, assim, o povo saiu do Egito como Deus prometera a Abraão. Setenta pessoas entraram no Egito, Jacó e seus filhos, depois de quatrocentos e trinta anos, seiscentos mil homens deixaram a terra de Faraó, sem computar as mulheres e as crianças.

Deus trouxe a décima praga sobre  os egípcios para quebrar a resistência do rei e libertar o seu povo da servidão. Com essa praga,  todos os primogênitos deveriam ser mortos.  Mas como o povo de Israel seria livre, se estava entre os egípcios? Deus ordenou a seu povo que cada família tomasse um cordeiro, macho e sem defeito, que fosse imolado e seu sangue deveria ser aspergido nas ombreiras e verga da porta de cada casa. À meia noite, o anjo da morte passaria,  ao ver o sangue, não entraria naquela casa e o primogênito que estivesse nela seria poupado da morte. As famílias israelitas creram e obedeceram e, dessa forma, foram poupados de grande dor. Os egípcios não tinham a marca do sangue e a vida dos seus primogênitos foi ceifada. Em cada casa havia um clamor, da casa de Faraó à casa do servo. Com essa tragédia, Faraó liberou a saída do povo de Deus que saiu apressadamente, porque os egípcios exigiram a sua saída imediata. O povo encontrou graça diante deles e saiu com muitas riquezas, já que os egípcios davam tudo  que o povo pedia.

Qual a relação da Páscoa dos judeus com a Páscoa dos cristãos? As festas judaicas foram instituídas por Deus e apontavam para o que viria futuramente. Eram como prenúncio das coisas que estavam determinadas para um tempo mais adiante. Todo o Velho Testamento aponta para Cristo, para o plano de Deus de resgatar a humanidade. A Páscoa tinha um cordeiro que deveria ser imolado, seu sangue aspergido nos umbrais da porta da moradia, deveria ser assado e comido às pressas, com ervas amargas e pães asmos. As ervas amargas significavam todo o terror que viveram como escravos no Egito, os pães asmos,  na pressa em prepará-los, não foram fermentados, também podendo significar a separação do pecado.  Na Bíblia, fermento normalmente simboliza pecado e corrupção.

A Páscoa apontava para a redenção que Deus preparou para resgatar o homem da fúria do inimigo. Páscoa, do hebraico pesah, significa “passar por cima”, “pular além da marca”, “poupar”. Foi isso que literalmente aconteceu, o anjo da morte apenas passava ou pulava as casas marcadas com o sangue. Todo o Velho  Testamento indicava que em tempo propício, preparado por Deus, viria o Messias que haveria de libertar o seu povo. Deus, além das alianças firmadas com Abraão, com o seu povo, através de Moisés e Davi,  firmou outra aliança com o povo de Israel, a Nova aliança. Jr 31.31-33. Na Nova aliança, foi anunciado um novo caminho,  um novo tempo para Israel no qual a lei do Senhor seria impressa nos seus corações e teriam prazer em conhecer e obedecer ao Senhor. Essa promessa era mais uma ratificação da promessa de um Redentor e isso só seria possível com a vinda de Jesus para reconciliar o homem com Deus, com a evidência de um novo coração e uma  nova natureza que recebem todos que creem em Cristo para o amarem e o obedecerem voluntariamente.

Jesus, o Filho de Deus, nascido de Maria, por obra e graça do Espírito Santo, veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Verdade historicamente confirmada, ninguém pode refutá-la. Os religiosos judeus, principalmente, por inveja e apego às tradições, perseguiram Jesus ferrenhamente, culminando com seu sacrifício na cruz.

Interessante são os fatos que giram em torno da sua morte. Em primeiro lugar, Jesus foi morto exatamente no dia que os judeus comemoravam a Páscoa. Depois da primeira Páscoa celebrada no Egito, os judeus continuavam celebrando a Páscoa todos os anos, no mês de Nissan, o primeiro mês do ano judaico. Jesus, todos os anos, ia à Jerusalém celebrar a Páscoa. Na última que Jesus participou, Ele mesmo foi o  Cordeiro, o próprio Filho de Deus. A Bíblia diz que Deus o entregou por amor ao mundo, mas também diz que Ele mesmo se entregou e foi obediente até à morte e morte de cruz, fazendo-se maldito por nós.  O cordeiro teria que ser macho e sem defeito, Jesus recebeu a natureza humana, como identificação com o próprio homem, mas nunca pecou, tornando-se apto para a exigência de Deus, um Cordeiro sem mácula. Seu sangue foi derramado através desse sacrifício para que pudesse nos livrar do anjo da morte eterna. Antigamente, para se entrar na presença de Deus precisava de um sacerdote que intermediasse, através de sangue de animais que era derramado no lugar do pecador. Ainda assim, o sumo sacerdote só poderia entrar na presença de Deus, no Santo dos Santos, uma vez no ano, mas, com a morte de Jesus, um novo caminho foi inaugurado, o véu do Templo que separava o Santo dos Santos se rasgou, de alto a baixo,  uma  Nova Aliança começou a vigorar, temos livre acesso ao Pai, judeus e gentios, por meio do sangue de Jesus.

Apesar de Jesus ter morrido cruelmente na cruz, não podemos nos deter aos pés da cruz lamentando a sua morte. Jesus não está mais na cruz, ela está vazia. A morte de Jesus não foi uma derrota para nós, mas uma vitória sobre as hostes infernais que tentam aprisionar o homem. Jesus também não ficou detido na sepultura, mas ao terceiro dia ressuscitou, e isso é a garantia da nossa vitória! Agora, podemos viver em novidade de vida. “Se morremos com Ele, com Ele também viveremos por um novo e vivo caminho”. Se morremos com Ele, renunciando a nossa vida velha, fazemos parte também da sua ressurreição, nEle temos vida eterna.

Páscoa! Tempo de gratidão, de reflexão, de renovar a aliança com Deus, através de Jesus que entregou a Deus o sacrifício perfeito, e, através dele, temos paz, alegria e a certeza do perdão dos pecados, além do prazer de obedecer a sua Palavra, não por medo ou obrigação, mas por amor. Amor àquele que nos amou primeiro e não teve a sua vida por preciosa e a entregou por todos que, através do Espírito Santo, o tem reconhecido como o Cordeiro de Deus que com o seu sangue comprou povos, nações e línguas para viverem com Ele por toda a eternidade.

Você gostaria de fazer parte do Povo mais feliz da terra, do povo resgatado pelo Cordeiro, do povo que sobre si não pesa mais nenhuma condenação? Se você crer verdadeiramente no seu coração que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que morreu em seu lugar,  confessar essa verdade com a sua boca e decidir a caminhar com Ele, você será salvo. Você fará parte também da sua ressurreição e terá uma nova vida!

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