Os tipos de solo

Jesus ensinou algumas verdades espirituais com a parábola do semeador.  Lc 8.5-15. Além do semeador, os elementos da parábola são a semente e os quatro tipos de solo: da beira do caminho, dos pedregais, dos espinhos e da boa terra.

Os discípulos não entenderam bem a parábola e pediram a Jesus uma melhor explicação. E Jesus começou dizendo que a semente é a Palavra de Deus que é semeada no coração. Dependendo da atitude do coração, a semente frutificará ou não. O primeiro coração é como um solo de beira do caminho, endurecido, a palavra semeada é roubada pelo inimigo antes que seja germinada. O segundo coração é semelhante a um solo pedregoso, com pouca terra, a palavra semeada germina rápido, mas, sem profundidade, não permanece. O terceiro coração é como um solo tomado por espinhos,  as preocupações com o mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra recebida que não frutifica. O quarto tipo de coração recebe a palavra de Deus,  a compreende  e frutifica como uma boa  terra.

A Palavra de Deus é uma fator determinante para que a fé brote no coração e a pessoa seja  salva, mas depende de cada coração que a recebe.  Jesus é a própria palavra de Deus. A Palavra é a verdade, é a vida. Não há frutos sem que a semente seja semeada por um semeador. Não há almas salvas se não houver um pregador que pregue a Palavra. “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue”? Rm 10.14 . Diante da Palavra, cada um pode crer nela ou rejeitá-la. “Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia”. Jo 12.48

Cada um é responsável pela atitude do seu próprio coração.  O Espírito Santo convence o homem do pecado, da justiça e do juízo de Deus, mas o  seu papel só é executado em parceria com a Palavra. O Espírito Santo não faz a obra sozinho. Assim, cabe a cada homem colocar o seu coração em uma atitude propícia para receber a Palavra de Deus, de forma que ela permaneça e venha a frutificar. Conforme 1 Tm 2.4, “Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. Se a salvação é apenas uma atribuição de Deus, sem envolvimento da decisão humana, não teria nenhum sentido essa Palavra estar nas cartas de Paulo. Deus é Soberano, mas ao criar o homem Ele lhe deu o direito de escolha, e Deus não viola os seus princípios e o que Ele mesmo outorgou.  “E eu quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” Jo 12.32.  Os escolhidos de Deus são os que creem em Jesus. O homem natural está sob a legislação do seu país, ele escolhe obedecer as leis ou não e é consciente  das consequências da desobediência.

Podemos dizer, também, que a parábola mostra quatro tipos de pessoas quanto à forma de receberem a Palavra , indiferentes, emotivas, mundanas e frutíferas. Se porventura alguém tem um solo endurecido, de beira de caminho, precisa trabalhar no solo para que ele possa receber sementes que venham a germinar. Se a única opção é um solo pedregoso, é remover as pedras e acrescentar mais terra, se o solo está tomado de espinhos, deve-se cortar os espinhos e preparar a terra. Vai depender do valor que cada um dá ao fruto que a semente pode dar. Outras referências bíblicas,  Rm 1.16-17; 1 Co  15.1-2,11, Mt 7.24-29, enriquecem esses pensamentos e respaldam o valor da Palavra de Deus no processo da salvação e a responsabilidade do homem de abrigá-la para que ela seja frutífera na vida de cada um, levando-o ao conhecimento de Deus e à salvação eterna.

A Palavra revela a justiça de Deus, a Palavra de Deus traz vida e direção,  Palavra é o caminho, a verdade e a vida, a Palavra é Jesus. A Palavra de Deus é a semente e como o seu coração a tem recebido?

 

As três dimensões do amor

“Amarás ao Senhor teu Deus  de todo o teu coração, e de toda a tua alma , e de toda as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu  próximo como a ti mesmo”.

Através da Palavra de Deus, sabemos que Deus amou o mundo de tal maneira que enviou Jesus para morrer por todos os homens. O amor de Deus é incondicional, e todos são alvo desse amor.  Ele envia o seu sol e a chuva para todos, justos e injustos. Somente esse Deus, o Criador e Sustentador de todas as coisas, deveria ser amado por todas as suas criaturas porque o amor a Ele deve estar acima de qualquer coisa, e  Ele é a fonte  do verdadeiro amor.

Jesus dá dois mandamentos para direcionar o amor humano que assume  três dimensões, e nelas o homem encontra a plenitude  interior e o seu fruto é a paz e a alegria. 1. Amar a Deus – Vem em primeiro lugar, e desse mandamento dependem todos os outros. Não há amor a si mesmo ou ao próximo quando não se aprende a amar a Deus em primeiro lugar e de todo o coração,  porque Ele é a fonte inesgotável do amor. Deus é amor. Deus é um Pai bondoso que ama os seus filhos, que cuida, que doa. Amar é a arte de se doar, e Deus fez isso por todos, Ele não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por homens pecadores. Em Deus está toda a perfeição, seu amor é perfeito. Nele o homem é amado, e quando o homem  aprende a amar a Deus,  ele pode 2. Amar a si mesmo – não há amor próprio se não  houver abertura para o amor de Deus. Não há água se a fonte está obstruída.  Não existe amor a si mesmo se não buscá-lo em Deus. Existem muitos que não conseguem provar do amor de Deus por suas frustrantes vivências  pessoais,  desde a concepção até a idade adulta. Os pais, que deveriam referenciar o amor de Deus, falham, muitas vezes com violência e palavras de maldição, imprimindo na vida dos filhos uma visão distorcida de Deus, e esses filhos não conseguem ver em Deus um Pai amoroso, amá-lo e desfrutar do seu amor.  São situações que criam barreiras em seus corações que se fecham para o amor próprio,  duvidando de si mesmos, com perda da própria identidade, levando-os a uma busca constante de amor em fontes inadequadas, mas não há como o homem encontrar o seu próprio valor senão em Deus.  Todos vieram de Deus, e nEle é que está todo o conhecimento dEle e de si mesmos. Fora de Deus não há nenhuma satisfação, não há alegria nem amor. A próxima dimensão depende das duas primeiras. 3. Amar o próximo – e acrescenta, como a si mesmo. Como amar o outro se não se consegue amar a si mesmo? Não há muito o que falar neste ponto porque, na verdade, é consequência natural dos dois primeiros. Neste ponto explica-se porque tanta crise nas relações humanas, porque tanto egoísmo e tanta maldade nos corações. E tudo se resume na falta de amor a Deus.  “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”.

Jesus disse aos seus discípulos que desses mandamentos dependem toda a lei e  os profetas.  Há muita coerência nessa Palavra. O amor a Deus, em primeiro lugar, é uma atitude de sabedoria que desvia o homem do caminho da maldade. Mantém o espírito humano saudável,  alinhado com a Palavra de Deus e com o Espírito Santo. Amar a Deus traz  plenitude na alma.  E a saúde do espírito e da alma reflete no corpo e  nas relações inter pessoais. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

Lc 10.27;  1 Jo 4.20-21;  Mt.22.40;  1 Co 13.13

As noivas e o azeite

Mateus narra a parábola das dez virgens ou noivas. Cinco delas eram prudentes e cinco insensatas. Havia muitos pontos em comum entre elas. Mas apenas uma coisa as diferenciava.

Tanto as virgens prudentes como as insensatas esperavam o noivo, todas tinham uma candeia, todas foram tomadas de cansaço e sono, todas adormeceram.  Apenas o azeite diferenciava as noivas prudentes das tolas. As virgens prudentes, além de terem suas lamparinas com azeite, elas levavam mais azeite consigo. No meio da noite, quando os noivos comumente apareciam para buscarem as suas noivas, elas não poderiam correr o risco de ficarem sem azeite. A viagem seria longa, pelos desertos e montanhas, e seria um horror ficarem desprovidas de iluminação.

À meia-noite, alguém gritou: O noivo está próximo, saiam ao seu encontro. As virgens despertaram e cada uma pegou a sua candeia  e foram prepará-las para serem  usadas. Candeia  ou lamparina precisa de azeite para se manter acesa. Candeia sem azeite não serve para nada e sua luz não brilhará.  “As insensatas pegaram suas candeias, mas não levaram óleo”. Que tristeza! Uma candeia com tão pouco óleo, prestes a se apagar. As noivas insensatas eram bem folgadas, como aqueles que andam despreocupadamente, sempre dependentes dos outros  em tudo que fazem. Elas pediram um pouco do azeite das prudentes que lhe responderam que se dessem do seu azeite iria faltar para elas. Existem coisas que são intransferíveis  e cada um tem que buscá-las.  As noivas insensatas foram comprar azeite, nesse intervalo, o noivo chegou,  as noivas prudentes entraram com o noivo para o banquete nupcial,  e a porta foi fechada. Bateram na porta, mas ouviram apenas uma voz: Não as conheço. Que tristeza! Existem coisas na vida que são irreversíveis.  Pequenos descuidos podem levar a um desespero eterno.

Os ensinos de Jesus sempre tinham  como pano de fundo,  a cultura judaica,  porque ele era judeu e ensinava para os judeus. Essa parábola refere-se à Igreja, e Jesus, usando a figura de um casamento judaico,  trata da sua volta quando, como noivo,  arrebatará a sua noiva. O noivo judeu, depois do contrato de noivado assinado, prometia que iria preparar  morada  para a sua noiva e voltaria para buscá-la. Essa volta, sempre era de surpresa, sem marcar hora e dia.  Jesus disse  aos seus discípulos , antes da sua morte,  que iria preparar lugar, que na casa do seu Pai tinha muitas moradas  e voltaria para buscá-los. Jo 14.1-2

Por que o azeite fez tanta diferença entre as noivas? O que Jesus quis ensinar com essa parábola? Todas as noivas tinham certeza que o noivo voltaria, todas tinham suas candeias. Mas nem todas tinham azeite suficiente para manterem suas lâmpadas acesas. O azeite fala de unção. A unção da igreja é a presença do Espírito Santo. Todos aqueles que creem em Jesus como seu Salvador têm o Espírito Santo. Mas o Espírito Santo é uma pessoa, precisamos nos relacionar com ele, e quanto mais essa relação é cultivada, mais o azeite  é aumentado. Como pessoa,  o Espírito Santo pode ser entristecido e até o relacionamento com ele pode ser apagado. O Ap Paulo escreveu aos efésios que não devemos entristecer o Espírito Santo e aos  tessalonicenses que não devemos apagá-lo ou extingui-lo. Uma vida de constante desobediência à Palavra de Deus, sem arrependimento, leva à dureza de coração, à frieza espiritual, desprovida da comunhão com o Espírito e da alegria da salvação. Uma pessoa que já experimentou da graça de Deus, que provou do dom celestial e participou da comunhão do Espírito Santo e voluntariamente se afasta dele, está se assemelhando à noiva insensata. O noivo chegará para buscá-la, mas  não tem azeite, não será arrebatada, não será livre da tribulação que abrangerá o mundo inteiro. Muitos defendem que a Igreja passará pela Grande Tribulação. Sim, a Igreja  casada com o mundo, a noiva insensata que negocia a sua unção.

A noiva prudente tem como seu maior tesouro a comunhão com o Espírito Santo. Ela se entristece quando o entristece e não tem paz enquanto não restaura a intimidade com Ele.

Mateus 25.1-13; Jo 14.1-3;  Ef 4.30; 1 Ts 5.19

 

Quando as máscaras caem

Neste tempo de pandemia, o mundo foi tomado por pessoas mascaradas. São máscaras de todo o tipo e para todos os gostos que encobrem a metade do rosto,  sem que a pessoa possa ser conhecida por outro,  quando ainda não é conhecida sem máscara.  Mas não é dessas máscaras que queremos falar aqui.  Existem muitas máscaras invisíveis que  as pessoas usam para disfarçar o que elas são verdadeiramente.  Para muitos, a vida é apenas um teatro, vivem eternamente em um palco e, como bons atores, precisam sempre representar.

Todos usam algum tipo de máscaras ou já usaram alguma vez na vida. São máscaras usadas na Igreja, na política, no trabalho, em todo o lugar.  Nem sempre,  o comportamento ou a  aparência  está alinhada com o  coração. Não quer dizer que a pessoa não seja sincera, mas porque até o coração é enganoso. Às vezes, alguém que aparentava alegria ou felicidade comete suicídio, o seu coração estava dilacerado, mas se escondia  por trás de uma máscara, talvez de orgulho, para não mostrar a sua fragilidade .As máscaras enganam.  Até o profeta Samuel se enganou com o  primogênito de Jessé quando foi comissionado por Deus para ungir um dos seus filhos. Eliabe tinha uma boa aparência. Samuel pensou: Certamente, será este. Mas Deus respondeu que Ele não via como  homem que vê apenas o exterior, mas Ele via o coração. Davi não foi convidado para a refeição com o profeta, na qual todos os filhos de Jessé deveriam estar presente. Pela aparência e idade, seu  próprio pai pensava que Davi jamais poderia ser escolhido como  rei de Israel. Sete filhos dos filhos de Jessé passaram diante de Josué, mas todos foram rejeitados por Deus. Você só tem esses filhos, Jessé? Perguntou Samuel. Assim, Davi que cuidava das ovelhas foi chamado, ele era o escolhido de Deus para surpresa de todos.  O homem nunca poderá conhecer uma pessoa em sua essência porque ele vê apenas o que está diante dos olhos e é incapaz de ver o interior.  No coração é que está o que uma pessoa é em sua verdade. Por isso, o homem é incapaz de julgar adequadamente  o outro, sem conhecimento de fatos ou de motivações. Judas é  um grande exemplo de que viveu todo o tempo com Jesus e os discípulos com uma máscara. Jesus nunca foi enganado por Judas, mas, ainda que o conhecendo muito bem, Jesus dispensou a ele  toda atenção e amor que tinha com os outros. Jesus lavou os pés do traidor. Apesar de toda a bondade de Jesus, Judas recusou-se a se arrepender e a retirar a máscara e,  por isso, teve um fim trágico. Os que persistem com suas máscaras de traição nunca terão um final feliz porque no coração endurecido não há lugar para o arrependimento.

Ainda que se viva  por trás de máscaras, Deus nunca será enganado, ele vê a realidade de cada um. Nos Salmos, 139, Deus revela a sua onisciência, não há limites no seu conhecimento. Desde a concepção, Ele vê  as suas criaturas em todas as etapas de sua formação ainda no ventre materno.  Por que não dizer que Deus já  conhece a cada um antes mesmo de ser gerado,  já que Ele é eterno?  A Bíblia diz que chegará o dia que Deus  dia julgará a todos, grandes e pequenos, que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida. Naquele dia, todas as obras e intenções do coração dos homens serão conhecidas. “Nada há encoberto que não venha a ser revelado”. O justo juiz dará a sentença final a cada um que se escondeu por trás de máscaras, que aos olhos dos homens poderiam até ser considerados justos, mas diante de Deus eram reprováveis.

Temos duas opções: Retirar hoje a nossa máscara diante de Deus, confessando-lhe com arrependimento tudo que  está escondido no coração ou esperar que ela mesma caia no juízo final e se receba a condenação eterna.

Deus não retira máscaras de ninguém, a não ser para juízo. Não esperemos que as máscaras caiam por si só!

 

É de graça, não barato

Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Mateus 16:24

Ninguém pode pagar por sua própria salvação. A salvação foi dada de graça a todos que se  arrependem e creem em Jesus para perdão dos seus pecados.  É gratuita não porque ela não custou nada, mas porque os homens eram incapacitados de pagar qualquer preço por ela, porque o seu preço é incalculável, o maior de todos os preços: o sangue de Jesus, o Filho de Deus.

Muitos religiosos, para atraírem seguidores para  suas comunidades, barateam o evangelho. Oferecem um evangelho barato, sem arrependimento e sem compromisso: “Venha como você  está e pode continuar da mesma forma”, “Não precisa mudar, Deus só quer o coração”, “venha para Jesus, ele te ama e pode continuar como você está” e tantas outras falas que  barateam o evangelho. Não, seguir a Jesus requer um alto preço. Um preço que não é pago por méritos pessoais, mas pelo preço do amor, em resposta ao seu amor. Amor que se doa por completo. Amor que se entrega.  Amor que renuncia a própria vida. Amor que toma a cruz. Amor de negação do eu. Amor que diz como o apóstolo Paulo, não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim.

A salvação é fruto de um ato extravagante do amor de Deus. A sua parte Ele já fez, entregando o seu melhor, o seu único Filho em sacrifício vivo por homens medíocres, condenados ao castigo eterno,  que não mereciam absolutamente nada. Jesus disse sim à cruz, por isso,  os homens podem ter seus pecados perdoados e serem justificados.  Para o resgate da alma humana, foi  pago um preço  exorbitante, impagável por qualquer um. Como desprezar uma tão grande salvação? Como ser livre do pecado e continuar amando o pecado? Receber uma nova identidade de filho de Deus, mas não romper com o velho dono?  Ter as vestes limpas, mas sujando-as todos os dias?

A salvação é de graça, mas todos os dias precisa-se de um posicionamento diante de Deus, ao lado da sua Palavra, tomar a própria cruz, dizer não às mentiras de satanás, não à ilusão do pecado. Propor no coração não se contaminar  com os manjares do reino das trevas. A salvação é imediata, mas a santificação é um processo que requer que escolhas sejam feitas todos os dias.  Deus promete nunca abandonar aqueles que vão a Ele, mas é papel de cada um permanecer em Cristo e no seu amor.

Jesus, o professor excelente

Jesus é sem dúvidas o maior mestre de todos os tempos. Ele não fez diferença apenas por seus métodos de ensino, mas também pela originalidade do que ensinou.

Jesus ensinou sobre a vida, o bem maior do homem. A sua mensagem não era apenas sobre as coisas corriqueiras, palpáveis e visíveis, mas a sua ênfase estava naquilo que tinha valor eterno. Por isso, seus ensinos são duradouros e atravessam as gerações, em sua forma mais atual. O interessante é que os princípios ensinados não pertencem a um único povo, mas são praticáveis em qualquer língua, povo ou nação. São ensinos que vão além da dimensão e práticas da vida transitória do homem. Por sua essência de valor eterno, seus ensinos alcançam a alma e dão vida ao espírito humano. Ele mesmo disse: “As palavras que vos tenho falado, são espírito e vida”. São princípios que saltam para a eternidade, que constroem; observando-os, o homem viverá por eles. Alguns que o ouviam, falavam que ele ensinava como quem tinha autoridade, ele era detentor de toda a sabedoria, e não era à toa que as multidões o seguiam se deleitavam em suas palavras que fluíam como uma fonte vivificadora.

Jesus não cursou nenhuma faculdade de Pedagogia, mas foi o melhor professor, não fez nenhuma disciplina de didática, mas tinha sempre os melhores métodos, não estudou Filosofia, mas jorrava conhecimento sobre os pensamentos e vivências do homem, não cursou Psicologia, mas entendia tudo sobre a alma humana, suas lutas e anseios mais profundos. Ensinava com a mesma eficiência e dedicação uma “classe cheia” ou com um único aluno. Compadeceu-se de uma multidão de cinco mil homens, dando-lhes pão para comer depois de lhes ensinar , mas gastou tempo também com uma única mulher, apontando-lhe o caminho da vida eterna. Era direto com os incautos, trazendo-lhes lições de vida e sabedoria, identificando-se com suas dores, sarando suas feridas e libertando-os do jugo do opressor. Com os religiosos hipócritas, detentores da lei, mas não cumpridores, confundiam-nos com suas parábolas ou alegorias, às vezes, contra eles mesmos. Levantavam-se com perguntas para embaraçá-lo, mas eles se surpreendiam com suas respostas que destilavam sabedoria e conhecimento. A sua paz e alegria contagiava os seus discípulos, mas muitas vezes eles não entendiam sua bondade, sua paciência, seu domínio próprio e grande compaixão por seu povo que era como ovelhas que não têm pastor.O zelo pelas coisas do seu Pai o consumia, não hesitou em corrigir aqueles que teimavam em profanar o templo, usando um chicote para expulsá-los. Zelava por suas amizades e sabia se relacionar com o justo e o pecador, com o rico e pobre. Conhecia as pessoas muito bem, e aplicava lições segundo as suas necessidades individuais.

O mal e o bem caminham para destinos antagônicos, mas o mal sempre tenta assediar o bem. Jesus como o melhor Mestre foi também vítima de inveja, traído, acusado injustamente e crucificado. Sua morte não foi o fim, mas o início de um novo tempo, “depois de Cristo”. Como o maior de todos os líderes, Jesus não se deteve apenas a ensinar, mas formou discípulos que perpetuaram os seus ensinos através das gerações, e com o método inicial, discípulo formando discípulo. Jesus foi o maior mestre e líder de todos os tempos e a sua maior diferença entre outros, é que Ele depois de dois mil anos, continua o mesmo mestre. Ele está vivo e continua ensinando e atraindo vidas para encher a casa do seu Pai. Jesus, o mestre mais excelente!

As aparências enganam

Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência nem para a sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração. 1 Samuel 16.7

O homem, em suas limitações, vê o mundo e as pessoas através da percepção dos olhos. Vê apenas o que a sua visão alcança, o que é delimitado pelo que é visível no campo material. Mas o que é real, o que de fato existe, é muito mais que os olhos podem perceber .

Samuel, o profeta de Deus, foi incumbido de ungir um rei para Israel no lugar de Saul. Saul era um rei de grande formosura que se sobressaia a todos os outros homens de Israel, mas Deus o rejeitou porque seu coração não era reto diante dEle. O profeta foi enviado à casa de Jessé para ungir um dos seus oito filhos. O primeiro filho de Jessé, que passou diante de Samuel, o impressionou por sua beleza, mas não era o escolhido e, assim, todos os outros que lhe foram apresentados. Apesar de Samuel ser um profeta, a sua visão era limitada, ele só via o exterior. Com Deus não é assim, o que vale para Ele vai além do que os olhos alcançam.

Depois de ter conhecido os sete filhos de Jessé, Samuel surpreendeu-se por Deus não ter escolhido nenhum dentre eles. Mas ele sabia que Deus não cometeria nenhum engano, Jessé poderia ter algum outro filho que não fora convidado ao banquete e perguntou ao pai se ele tinha mais algum filho. Sim, Davi, o mais moço, que estava no campo cuidando das ovelhas. Deus não olha para a idade, Ele olha para o interior e não despreza um coração alinhado com a sua vontade. Davi foi chamado, talvez não estivesse vestido adequadamente para aquela ocasião, e sua aparência jamais se adequaria ao padrão dos homens para ser rei de Israel, se tivesse de ser escolhido por qualquer um deles. Deus disse a Samuel: É este, pode ungi-lo. E aproveitou para aplicar um aprendizado na vida do profeta. Eu vejo além, Samuel. Você vê o exterior, eu esquadrinho o coração, conheço o que está no íntimo, o que o move, suas intenções, suas atitudes em relação a mim. Davi tem um coração que é totalmente agradável na minha presença. Ele me conhece e confia em mim.

Apesar de Davi ter um coração agradável a Deus, talvez a sua aparência externa não era melhor que a dos seus irmãos e, por ser o mais novo, não era o melhor na avaliação dos homens para assumir qualquer cargo de grande importância. Era tanto assim, que Davi não estava presente no banquete que Jessé fez para Samuel conhecer seus filhos, ele estava sendo rejeitado por seu próprio pai. Todos podem se enganar, até um profeta pode não enxergar além dos que os olhos veem, mas Deus não se engana e Ele vai buscar aquele que ele quer, ainda que escondido atrás da malhada.

Como o alcance dos olhos dos homens é limitado, o julgamento humano é falho. O homem desconhece as verdadeiras intenções do coração do seu próximo. Julgar as ações dos homens é normal, mas muitas vezes julga-se também o coração, com total desconhecimento do que por natureza é imperceptível. O homem escolhe mal quando se limita unicamente na aparência das pessoas, por isso, há necessidade da total dependência de Deus. Essa lição deve também retirar de cada um o fardo de querer mostrar aos outros o que não se é interiormente. Viver de aparências é uma atitude tola, já que ninguém escapa dos olhos de Deus que conhece todos, além do que o homem conhece de si mesmo.

O Deus que vê

Este foi o nome que Hagar deu ao Senhor que lhe havia falado: Tu és o Deus que me vê, pois dissera: Teria eu visto Aquele que me vê? Gn 16.13

Independente dos erros humanos, Deus atenta e se move em favor do necessitado. Foi assim com Hagar. Nunca foi propósito de Deus, Abraão coabitar com Hagar e ter um filho com ela. Hagar era serva de Sara e sua senhora a entregou ao seu marido para que gerasse um filho, já que a promessa de Deus tardava em se cumprir. Os leitores da Bíblia conhecem as consequências desse erro. Até hoje, os descendentes de Ismael e Isaque vivem em constantes conflitos.

Hagar foi alvo da misericórdia de Deus. Ela foi introduzida, não por sua vontade, no conflito entre Sara e Abraão. Hagar estava orgulhosa pelo fato de não ser estéril e poder gerar. E Sara, apesar de ter sugerido a gravidez de Hagar, sentia-se desolada por sua incapacidade de gerar filhos. Injustamente, Sara perseguiu Hagar que fugiu por não suportar as humilhações de sua senhora. Sozinha no deserto, junto a uma fonte de água, Hagar foi encontrada pelo anjo do Senhor, que lhe fez promessas sobre o menino que estava no seu ventre, animou-a e lhe disse para se humilhar e voltar para a sua senhora. Hagar saiu revigorada e grata a Deus por ter visto a sua aflição e tê-la socorrido em sua aflição. A onisciência de Deus faz com que Ele veja todas as coisas, por isso, Ele pode julgar com equidade todas as demandas dos homens. Nada ficará sem o juízo de Deus e ninguém ficará impune aos seus próprios erros ou sem recompensa dos seus atos de fé.

A promessa de Deus para Abraão e Sara era Isaque. E no tempo determinado por Ele, Abraão com cem anos e a estéril Sara, aos 90 anos, deu a luz a Isaque. Apesar do erro do casal, Deus permaneceu fiel a sua incondicional promessa. Se formos infiéis, Ele permanece fiel porque não pode negar a si mesmo. 2 Tm 2.13

Os homens, comumente, são levados aos desertos ao decorrer da vida. Deus é aquele que tudo vê. Ele vê a aflição e escuta a cada um, basta crer com um coração sincero e humilde, reconhecendo que para Deus não há impossíveis. O homem não está só em suas necessidades, qualquer um pode recorrer, como Hagar, ao Deus que tudo vê!

As queixas dos homens

De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados. Lm 3.39

Os dias atuais são marcados pelo desejo de ter. As pessoas são avaliadas pelo que elas têm, neste caso, o “ter” sempre sobrepuja o “ser”. Isso leva o ser humano a uma corrida sem fim para adquirir bens materiais, sim, para se autoafirmar e encontrar lugar de destaque nessa sociedade decaída. Mas esse comportamento leva a crises porque não satisfaz os anseios mais interiores. A ditadura do ter é cruel e sua medida é sempre inalcançável, gerando insatisfações e um inconformismo infindável: “não tenho isso ou aquilo”, “a sorte não bateu a minha porta”, “quem me dera ganhar na loteria!” “como é ruim desejar uma coisa e não ter dinheiro para comprá-la”, dentre muitas outras expressões semelhantes.

Quando o homem guia a sua vida por uma lente embaçada e se desvia do verdadeiro sentido de sua existência, leva uma vida de lamúria por seu insucesso, e a amargura começa a permear as suas atitudes. Em primeiro lugar, ele procura encontrar culpados por suas insatisfações, esquecendo-se que cada um é responsável por suas próprias escolhas. Vivemos hoje o que escolhemos no passado. Não adianta culpar o sistema ou o governo, os pais, os filhos, o cônjuge ou o amigo. A reclamação é uma linha tênue entre a justiça e a injustiça, entre o certo e o errado, é correr o risco de penetrar no campo minado pela inveja e a amargura. O próximo passo é culpar Deus, atribuindo-lhe a Ele todas as injustiças sofridas na caminhada. Nesse ponto, o inimigo tem alcançado o seu objetivo, criar no coração do homem uma desconfiança e descrença quanto à pessoa do Deus Soberano. Deus, independente das crises existenciais dos homens, Ele é bom e justo, nEle não se encontra nenhum engano, erro ou injustiça. Ele é o único que pode dar um escape para a necessidade e anseios interiores, se houver um distanciamento dEle, o homem adentra em um beco sem saída, a menos que, através do arrependimento, retorne para o único caminho da sua salvação. Para isso, o homem precisa ter consciência que está trilhando um mau caminho, desejar uma reformulação da sua vida, decidir trilhar o caminho de volta, vestir-se da capa da humildade e entrar no caminho. O caminho para Deus não pode ser trilhado com orgulho. O sucesso nesse caminho depende de uma vida constante de total quebrantamento e dependência de Deus.

Uma razão forte porque as pessoas não têm respostas de suas orações é porque suas petições são feitas com motivos errados, marcados pela cobiça e a inveja. Tg 4.1-10. Deus é Deus, nós somos servos, e Ele como Senhor requer obediência. Ele é Deus de princípios. Se alguém despreza a Sua Palavra, não a lê, não medita nela, então, não a conhece, desconhece também a Deus e como Ele age. Os “sabem tudo” não precisam conhecer os mistérios de Deus. Eles desconhecem que oração é relacionamento com Deus, não uma lista de desejos. Quando há relacionamento com Deus, há direcionamento divino em tudo que se faz e, se verdadeiramente há dependência dEle, as coisas fluem, podendo haver resistência e obstáculos a serem rompidos, mas a vitória é certa.

O caminho da graça de Deus é trilhado sobre as pedras da gratidão. Não há gratidão sem humildade. Toda arrogância é pecado, o orgulho leva o homem para uma vida independente e distante de Deus, e isso precede a queda e a ruína. O orgulho não reconhece Deus como o autor de todo o bem que naturalmente nos outorga. O orgulhoso vangloria-se de suas próprias realizações, suas orações são alicerçadas em desejos próprios e com motivações desvinculadas da direção de Deus, e Deus não tem compromisso em atendê-las.

Com um coração arrependido, queixe-mo-nos não dos outros nem de Deus, mas de nossos próprios pecados, de escolhermos uma vida de insubmissão à vontade de Deus.

Ele se importa

Perguntou-lhe Jesus: Você gostaria de ser curado? O homem respondeu: Não consigo, Senhor, pois não tenho quem me coloque no tanque quando a água se agita. Alguém sempre chega antes de mim. Jesus lhe disse: Levante-se, pegue sua maca e ande! No mesmo instante, o homem ficou curado. Ele pegou sua maca e começou a andar. João 5.6-9

Perguntas que chegam no momento certo são como se fossem a calmaria chegando em meio a ventania. Não falo daqueles questionamentos por mera curiosidade, mas perguntas que revelam o olhar cuidadoso que enxergou uma alma. Jesus era expert nisso. Pessoas que passavam despercebidas em meio a multidão eram o foco da sua atenção. Aquele homem devia pensar por muito tempo o porque de não ser ajudado, de não o ajudarem a levá-lo até à àgua, afinal foram 38 longos anos. Como deveria estar esse homem? 38 anos de tentativas frustradas, invisível no meio de tantas pessoas. Mas ele ouve uma pergunta que seria melhor do que a própria entrada no tanque. Eis que ele foi visto. O Amor o encontrou. Ele deve ter se sentido como se o próprio Jesus o tivesse levado nos braços até às águas. O homem encontrou não apenas a cura física, mas também a cura para o seu coração. “Eu fui visto, Ele se importou”.

Jesus era Mestre em abordar as pessoas. Ele via e ainda vê os mínimos detalhes. Ele se importa.

Quando o Amor vem ao nosso encontro, precisamos tomar uma atitude. Devemos deixá-lo passar pela porta do nosso coração e andar sobre as novas revelações que nos foram dadas. Eis que a cura chegou como calmaria. Ele se importa!