Sua Bandeira sobre nós é o amor

O Senhor Jesus era judeu, veio para os judeus e usava da cultura judaica para ensiná-los,  por meio de parábolas, figuras, metáforas, para um melhor entendimento de sua mensagem. A ceia do Senhor, o preço pago na cruz, a promessa da sua vinda, a sua ascensão aos céus, tudo tem um fundo comparativo com um noivado judeu, na época de Jesus. Então, no Novo Testamento, a Igreja do Senhor é considerada a noiva de Cristo.

A noiva judia, depois de escolhida, tinha um preço a ser pago pelo seu pretendente ao seu pai. Para isso, era realizada uma cerimônia familiar na qual uma refeição com vinho era servida, e acertadas as cláusulas da aliança a ser firmada, o preço, o pagamento,  as obrigações,  a promessa da volta. Após  o ritual de noivado, o noivo deveria partir para a casa do pai para preparar a câmara nupcial, depois voltaria em um momento inesperado e arrebataria a sua noiva, com a qual tinha uma aliança e já pagara um preço significativo como prova do seu amor.

Figuradamente, a última ceia de Jesus com os seus discípulos corresponde a um ritual ou cerimônia de noivado: os cálices tomados, cada um com sua significação, o  prenúncio da sua morte que seria o preço a ser pago,  a promessa da sua volta. Assim, Jesus depois de cear partiu para o Getsêmani, foi traído por um dos seus discípulos, levado pelos soldados à presença do sumo sacerdote Caifás, escribas e anciãos judeus, onde foi humilhado, cuspido e esbofeteado. Depois, foi conduzido ao governador romano, Pilatos, para ser julgado, sendo acusado injustamente pela multidão e pelos principais da sinagoga judaica. Condenado, apesar de Pilatos não ver nele crime algum, mas para agradar aos seus acusadores, não se posicionou devidamente, e Jesus foi levado à cruz, pagando assim o preço exigido para ter a sua noiva.

O apóstolo Paulo foi bem enfático ao tratar a  Igreja como  a noiva de Cristo, tanto em sua carta aos Efésios 5.22-33 e também aos Coríntios, “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo”. E, nesse sentido, os cristãos autênticos, porque nem todos que se declaram  o são, aguardam o retorno do noivo para buscá-los como prometeu e, para isso, pagou um preço incalculável como prova do seu grande amor.

O amor da noiva é alimentado pela esperança da volta do noivo. Cada vez que a Igreja participa da ceia do Senhor, ela lembra do preço que o noivo pagou por ela e renova a esperança do seu retorno, como prometeu. 1 Co 11.25-26

A figura do noivado e casamento judeu é aplicada na relação entre Jesus e sua Igreja, porque é uma relação instituída por Deus na qual o amor, a pureza, a fidelidade devem ser evidenciados, e o noivo requer da sua noiva um proceder de santidade e comunhão com Ele. Sabemos que o casamento hoje tem sido vulgarizado, mas Deus não o estabeleceu para ser assim. Jesus, apesar de ter partido para a casa do Pai, está presente através do penhor ou selo que nos outorgou até que volte: o Consolador, o Espírito Santo da promessa. Assim, o noivo e a noiva podem alimentar uma relação constante de comunhão e intimidade. Todos os dias eles podem desfrutar de um banquete espiritual sob a bandeira do amor.

A verdadeira Igreja, apesar de perseguida, não está só, ela tem a cooperação do Espírito Santo de Deus que intercede por ela com gemidos inexprimíveis. Ela aguarda o dia em que o seu Senhor virá buscá-la e estará para sempre dentro dos portais eternos sob a sua eterna proteção e livre de qualquer ameaça inimiga, porque o mal já terá sido aniquilado. Eles desfrutarão, por toda a eternidade, um relacionamento ardente de amor e comunhão que  jamais esfriará. Esse é o Senhor a quem servimos, o nosso noivo, que por nós pagou um alto preço, preço de sangue, como prova do seu grande amor.

Como as noivas judias eram arrebatadas e levadas a casa do pai do noivo, seremos levados à casa do Pai, no qual participaremos das bodas de casamento e voltaremos com o nosso amado, não mais noivo, mas esposo, para reinar na Terra, que foi dada aos homens como morada, e reinaremos com Ele por mil anos! E, depois disso, por toda a eternidade no Novo Céu e na Nova Terra. Por isso, somos o povo mais feliz da Terra! Se escolhemos a sabedoria, valorizamos o privilégio do que somos em Cristo e não o trocamos por migalhas que tentam nos desviar do Caminho.
“Leva-me à sala do banquete e sua bandeira sobre nós é o amor”.

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